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sexta-feira, 12 de novembro de 2010

E Se - Parte II



E se fosse seu último dia?
E se todos os problemas da Terra estivessem prestes a acabar?
E se teus planos e sonhos fossem desolados pela dura realidade de um fim?
E se os olhos estivessem abertos pra algo que sempre se ouviu e nunca foi visto?
E se todos os valores morais virassem poeira cósmica?
Simplesmente eu atearia fogo em todos os meus bens.
Escutaria todas as músicas que marcaram minha vida.
Reuniria todos que me apoiaram para dizer “Eu te amo”.
Terminaria diante de uma queda d’água, contemplando um dos presentes mais preciosos de Deus: A vida.
Nunca deixe os problemas se tornarem maiores do que você. Apenas cresça em honestidade e viva da melhor forma possível.

[Eis o meu conselho: Ame! - Imagem by portaldeMafra]
- Encerro aqui este blog. Quem sabe daqui alguns anos eu decida reativá-lo ou simplesmente esqueça de sua existência. De qualquer modo, agradeço a todos os leitores e espero que tenham gostado. Fiquem com Deus. Tetélestai. =)

domingo, 7 de novembro de 2010

Xxt de Fogo



Esta é minha grande oportunidade de mandar a coerência tomar no cu.
Quer me chamar de louco? Ótimo! Como diria uma música [parafraseada, é claro], das pedradas que me lançam, posso construir meu castelo.
De que adianta colocar cartas à mesa e só enxergar aquilo que é óbvio?
Não quero me limitar aos títulos, denominações ou definições.
Eu poderia preparar um almoço de domingo, composto de arroz, feijão, salada e bife. Mas e se eu resolvesse comprar um frango e devorá-lo sozinho, até o estomago inflar e sons macabros ruírem de minha barriga?
Não gosto de quem tenta ser perfeito, porque até nisso a imperfeição torna-se nítida [O perfeito é inatingível]. Ao final, cabe a frustração, loucura e morte.
Queria o quê? Um título comum? Uma frase de impacto?
Não há necessidade.
Pra que ser o melhor aluno da sala? Pra que chegar a uma locadora e encontrar filmes separados por títulos, limitados aos romances, suspenses, terror, pornô ou etc? Será que este é o limite da criatividade dos escritores, diretores e produtores? Será que não existe uma nova modalidade que possa ser explorada?
Quais são os limites entre a coerência e a verdade obsoleta?
Parece que nós atingimos um patamar de comodismo. Estamos satisfeitos com o que degustamos e não pensamos que pode haver mais.
Até mesmo das fezes de um cavalo pode sair o melhor adubo e as melhores hortas que já se viram entre os agrônomos.
Não vou falar somente de amor. Não vou usar somente o mesmo estilo de texto. Não vou falar somente de coisas do cotidiano. Não vou ser o politicamente correto. A coerência é absolutamente incoerente e isso me enoja.
A partir de hoje, faço questão de iniciar meu almoço pela sobremesa e meu banho vestindo minhas roupas. Que se foda o correto! Que se foda o lógico! Dos filhos deste solo és mãe gentil, pátria amada Brasil! =x

E Se



E se meus braços estivessem abertos, meus olhos estivessem fechados e o vento me abraçasse, até aquecer todas as células do meu corpo?
E se minha pele se misturasse ao sal e as águas que permeiam o mar?
E se o fruto mais vistoso tocasse meu paladar ainda hoje?
E se todas as cores que existem no mundo estivessem nas nuvens, e uma chuva de verão cobrisse nossos rostos entristecidos?
Talvez eu pudesse erguer novamente meus braços e simplesmente aspirar o ar, ou sentir o vento soprando os fios do meu cabelo. Talvez pudesse sentir o Sol me aquecendo ou lembrar-me de uma música que me faz sentir liberdade.
É como se eu pudesse sair do chão e no Universo só existem Deus e eu. É como se a minha vida inteira fosse pintada na tela de Da Vinci e o mundo soubesse que as imperfeições fazem parte do que é perfeito.
Não preciso dizer mais nada. Tudo está em seu devido lugar, por mais que as circunstâncias digam “não!”. Talvez isto seja obra do destino, pois nada está sob meu controle absoluto, exceto a convicção de que hoje, eu sei que já é possível imaginar e atingir graus mais profundos de tatos e paladares. Basta querer.

sábado, 6 de novembro de 2010

Sons Externos e Eternos



Fico irritado com o fato de estar ouvindo o som de uma polia girando.
Estou furioso com os latidos de um cão pulguento querendo ração lá fora.
Fico abatido pelos motores de carros e caminhões lá na BR.
Que droga! Grilos não param de fazer “cri-cri” lá na grama!
Meu Deus... E esses dedos que não param de apertar as teclas do PC!
E esse nariz que não para de aspirar um ar barulhento!
Esses ouvidos que não param de ouvir o que é completamente inútil!
Essa cabeça que não para de matutar coisas estúpidas.
Sons que entram e saem. Sentido atinado, que busca oferecer ao cérebro uma visão de algo que não se vê.
É engraçado...
Acho que todos passam por isso. São tantos sons...
Uma gota de orvalho caindo no leito do rio.
Um botijão de gás explodindo dentro de casa, ou talvez um vulcão entrando em erupção.
Uma harpa dedilhada pelo compositor das mais belas canções ou a Susan Boyle cantando pra uma platéia de idiotas preconceituosos, prestes a quebrar a cara.
Tudo o que sentimos aqui, de certa forma, será eternizado.
Mesmo aquilo que externamente recebemos e ignoramos.
Até o que for passageiro ou somente rotina, como o simples ato de piscar.
O que vivenciamos é eterno. Até mesmo o sentimento de angústia, por saber que o mundo jamais vai se calar.
A paz pode ser constituída de um silêncio constante, eminente em outro plano, talvez parecido com a ausência de sons do espaço sideral.
Mesmo assim, o próprio silêncio tem som. Acredite!
Aos poucos ele vai te enlouquecendo e explorando suas vontades mais primitivas.
Não dá pra saber se é melhor estar em meio aos sons externos ou a posterior loucura, advinda do próprio silêncio.
Seria bacana se a loucura abraçasse a raiva, e ambos pulassem pra dentro de um rio.
Assim, eu poderia desfrutar alegremente desses barulhos que me cercam, sem ficar estressado ou confuso.
Como um artista sapateando e criando passos ao som da sola dos sapatos, eu poderia apreciar a falta de nexo de algo tão constante e infinito: Um musical eterno e externo. Talvez fosse algo a se pensar.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

O Poço


Dentro de um poço antigo, há um segredo completamente coberto de larvas e sanguessugas.
Julieta, uma camponesa de olhos claros, cabelos longos e loiros, irlandesa nata, desde pequena fazia uso deste poço, cavado pelo seu tri tataravô, que havia saído de Galway, rumo à cidade de Lisboa, com fortes acusações de anti-patriotismo. Levou consigo sua esposa, veterana em uma fábrica de tecidos e costuras, que abominava qualquer demonstração de feminismo, visando expor somente a imagem de durona e de mulher introspectiva.
Sair de uma cidade populosa para outra que ainda estava em fase de crescimento, parecia ser uma ótima opção, pois tudo em Lisboa era muito calmo e o marasmo de conviver com a rotina do campo fez com que a família aumentasse, tendo o casal nove filhos, que mais tarde seguiram em rumos opostos, sem nunca mais dar notícias.
Entretanto, a nora, casada com o filho caçula dos dois, engravidou aos dezessete e entrou em óbito no dia do parto. Catorze dias depois, correu pela cidade a notícia de que a criança não era fruto da relação matrimonial, sendo entregue aos cuidados do casal, pelas mãos do próprio filho, que, para fugir da vergonha decorrente do boato, resolveu se alistar na junta militar do país de origem de seus pais, para nunca mais ter que retornar aquela cidade que lhe trouxera tanto desgosto.
Daquela criança, que era um menino robusto e saudável, descendeu Julieta, a jovem mais bela do vilarejo. Ela estava apaixonada por Edmond, um rapaz rico e possessivo, que lhe pediu em casamento logo que a viu em um festival de artes, que acontecia todo ano em homenagem ao rei. A vida de príncipe fez com que a cegueira enchesse seus olhos de escamas, e tudo o que ele fazia era regar sua vida com muita bebida, festas e mulheres de várias províncias, sem nunca se preocupar com suas obrigações de sucessor do trono.
Sem ter certeza de qual era o sentimento que conservava por ela, fez um casamento marcante, que foi comentado pelas grandes autoridades, burgueses e plebe dos arredores, por aproximadamente uma semana e meia.
Como era de se esperar, os quatro primeiros meses foram de muito romance, passeios a cavalo, beijos e gestos de amor nos cenários mais lindos daquele lugar. Porém, como tudo o que é bom sempre acaba, as discussões começaram. Muitas delas por coisas simples, irrelevantes. Aos poucos elas foram se tornando freqüentes e cada vez mais agressivas, até o dia em que Edmond, bêbado, chegou em casa depois de uma farra noturna com várias mulheres e bebidas e espancou Julieta, que, num ato de desespero, fugiu pela janela do quarto e correu para a casa de seu pai, que era viúvo há nove anos.
Quando caiu em si e se deu conta da besteira que havia feito, Edmond correu até a casa do pai dela, e bradou pedindo perdão, até que toda a vizinhança acordasse e presenciasse aquela cena humilhante e absurda de um homem bêbado recém abandonado.
É claro que não precisou de muito pra ela perdoar. Disse que tentaria esquecer daquilo e levar a vida dali por diante.
Final feliz. Será? Não! É claro que não.
A surras se tornaram cada vez mais constantes, até o dia em que Julieta conheceu o sapateiro, que morava uma quadra antes da sua, e este passou a tratá-la com muito requinte, fazendo a pobre plebéia, que estava carente, se apaixonar por ele.
Não demorou muito pra ela começar a mentir, e sempre que possível, dar suas “fugidinhas” para encontrar seu amante.
Mas, como tudo o que é bom dura pouco, um dos mais ambiciosos serviçais da monarquia flagrou um dos encontros noturnos, no canto escuro da praça menos movimentada da cidade. Com o intuito de obter lucros, relatou ao príncipe tudo o que havia presenciado, mas não recebeu prêmio algum – apenas o consolo de ouvir Edmond sair do salão resmungando e dizendo que não perdoaria Julieta e queria vingança. Alcoólatra do jeito que era, depois de tomar todas em um festejo que estava acontecendo nos fundos da paróquia da cidade, saiu desnorteado atrás de sua esposa, carregando apenas uma faca de corte recém afiada. Pegou o objeto em cima da mesa onde estavam as carnes do banquete, e ninguém viu ele se afastar do lugar, mediante o som de vozes e músicas.
Chegando em casa, nada avistou, além de um bilhete que dizia “O jantar está dentro do fogão a lenha”. Pegou seu cavalo e saiu a galope até a praça que testemunhava os atos de traição [e que já eram freqüentes]. Desceu do animal completamente fora de si e com seus olhos cheios de raiva, avistando de longe, Julieta e o sapateiro aos beijos. Como que num reflexo imediato, ambos ainda tiveram tempo de vê-lo se aproximar, e tentaram justificar seus atos, sendo o sapateiro, o primeiro a levar um golpe, sendo degolado pela faca que atravessou seu pescoço e fez seus olhos arregalarem sem ao menos poder exprimir sua dor. Depois, estendeu o corpo do pobre homem ao chão e partiu pra cima da adultera, que ainda teve tempo de dizer duas ou três vezes “Perdão!”, até cair agonizando, com um rombo próximo ao abdômen.
Os olhos de Edmond ainda exprimiam frieza, enquanto arrastava Julieta, que estava morta, para cima de cavalo. Galopou como nunca antes, até chegar perto do casebre onde ela morou a vida toda, e atirou o corpo ensangüentado pra dentro do poço. Talvez, o poço fosse a única relíquia da família e a herança de Julieta, a plebéia que agora se preparava para virar comida aos vermes e que seria esquecida em no máximo dois ou três meses pelos vizinhos que a viram crescer, mas nunca deram importância a sua existência.
Edmond novamente subiu em seu cavalo. Galopou para nunca mais ser visto, deixando para trás tudo: O luxo, bens matérias e prestígio. Por toda a província se expandiu a notícia sobre o assassinato, porém nunca se teve notícias ou provas de que Edmond havia assassinado Julieta.
A ela só restava a água suja daquele poço. A podridão e a casa abandonada ao lado. Literalmente ela estava no fundo do poço. Já não era ninguém, a não ser um fantasma que sequer penetrava a mente das pessoas.
Uma vida reles, pobre e ineficaz. Lembranças e simplicidade. Nada dentro de um baú. Tudo estava dentro do poço. Sua memória não seria honrada, pois não havia culpados, apenas vítimas de uma história sem começo, meio e fim.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Erin - Conceitos e Traços de Uma Expansão



Não se assuste pequenina. Teus olhos foram escamados e você chorou solitária com os assombros de um mundo escuro e desolado.
Não se turbe bela moça, pois existem portas a sua frente e você tem o poder de decidir o que julga ser o melhor para si mesma.
Não se encante bela flor, o que parecia ser um céu azul encheu-se de nuvens carregadas, relâmpagos e trovões prateados.
Não se esqueça doce menina, essas nuvens são necessárias, pois dela beberás da chuva e suas pétalas crescerão com mais vigor.
Todo o tormento do mês de Setembro voltou. Você precisa disso. Você quer isso. Quem era você até então? Quem era você antes das duas primaveras que se foram? Aproximam-se novamente os lábios claros e os lábios negros, o fogo e a água, a terra e o céu, o Sol e a chuva. Esta é a nossa natureza. Esta é a nossa verdade. Espero ansioso e atino minhas vistas a esta flor que foi plantada entre espinhos. Abrolhos, quem vocês pensam que são para tentar sufocar esta bela flor? Chuva! Devaste com grade tempestade os males que nos cercam. Esperamos ansiosos pelo vindouro dia da bonança.

domingo, 25 de julho de 2010

Dentro do Furacão


Quando eu falo de amor, os olhos enchem de lágrimas porque o amor dói.
Dentro deste furacão só enxergo minhas mãos vazias porque meus pés não vergam no chão. Este sentimento é terrível, confunde, sufoca, mata aos poucos e eu perco a noção do que é certo. Este sentimento é maravilhoso, porque me dá coragem para enfrentar meus demônios e encarar minhas escolhas equivocadas e lamentáveis. Eu já não sei quem sou. Só sei que o vento forte está aí. Só sei que sou falho e que este sentimento me corrói, a ponto de eu já não dar a mínima pra o que é certo ou errado. Já não dou a mínima pra detalhes e opiniões de terceiros. Só estou divagando em idéias confusas e sofrendo por coisas que nem aconteceram. Eu aqui, no olho do furacão.